11 Poemas de Maria João Cantinho

Um rio, um nome

Na terra do meu pai corria um rio

e não era ainda o do tempo

nem eu nadara no múltiplo leito de Heraclito, 

era um rio de claros seixos, 

onde a sombra e o riso

acolhiam o nosso corpo

ainda intacto 

no incêndio da manhã.

Na terra do meu pai havia laranjas

e chão, havia sol e murmúrios

e nós ouvíamos a respiração da noite

por dentro das raízes das árvores

e o rio falava com as pedras

e com a luz

e nós corríamos 

ou éramos levados pelo vento

que acendia a folhagem.… Leer más

9 Poemas de Ana Hatherly

A minha vida é poética:

Paira entre a vaga mentira e a realidade.

O amor me acontece

Como as folhas ás árvores,

E tao singularmente,

Que já nem sei se é natural à árvore ter folhas

Ou estar nua…


Mi vida es poética:
Se cierne entre la vaga mentira y la realidad.… Leer más

5 Poemas de Virgínia do Carmo

Saudade

Todas as manhãs fecho os olhos,
sempre com a mesma força com que
te adormeço no regaço das madrugadas
cheias de buracos. Escondo de mim
que existes algures porque tenho espinhos
no meu caule. Orgulhos e outras dores
pequenas.

E nem haverá como dizer-te que sonho contigo
Ou que te escrevo poemas, dia sim dia não.… Leer más

12 Poemas de Florbela Espanca

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,

Eu sou a que na vida não tem norte,

Sou a irmã do Sonho,e desta sorte

Sou a crucificada … a dolorida …

Sombra de névoa tênue e esvaecida,

E que o destino amargo, triste e forte,

Impele brutalmente para a morte!… Leer más

11 Poemas de Ana Luisa Amaral

«La poesía no sirve para nada y por eso es absolutamente fundamental”

A.L.Amaral

Matar é fácil

Assassinei (tão fácil) com a unha
um pequeno mosquito
que aterrou sem licença e sem brevet
na folha de papel

Era em tom invisível,
asa sem consistência de visão
e fez, morto na folha, um rasto
em quase nada

Mas era um rasto
em resto de magia, pretexto
de poema, e ardendo a sua linfa
por um tempo menor
que o meu tempo de vida,
não deixava de ser
um tempo vivo

Abatido sem lança, nem punhal,
nem substância mortal
(um digno cianeto ou estricnina),
morreu, vítima de unha,
e regressou ao pó:
uma curta farinha triturada

Mas há-de sustentar,
tal como os seus parentes,
qualquer coisa concreta,
será, daqui a menos de anos cem,
de uma substância igual

à que alimenta tíbia de poeta,
o rosto que se amou,
a pasta do papel onde aqui estou,
o mais mínimo ponto imperturbável
de cauda de cometa

Matar es fácil

Asesiné (tan fácil) con la uña
a un pequeño mosquito
que sin tener licencia ni permiso
aterrizó en la hoja de papel

En tono, era invisible:
ala sin consistencia de visión
y, ya muerto en la hoja, dejó un rastro
de casi nada

Pero ese rastro
en un resto de magia era pretexto
para un poema, y aunque ardió su linfa
por un tiempo menor
que el de mi vida,
no dejaba de ser
un tiempo vivo

Abatido sin lanza ni puñal,
ni sustancia mortal
(un digno cianuro o estricnina), 
murió, víctima de uña,
y al polvo regresó
como una breve harina triturada

Pero ha de ser sustento,
tal como sus parientes,
de una cosa concreta,
será, dentro de menos de cien años, 
de una sustancia igual

a la que nutre tibia de poeta,
el rostro que se amó
la pulpa del papel en el que estoy
el más mínimo punto imperturbable
de cola de cometa

Imagen personal de ANA LUISA AMARAL

Otras voces

Cerrar los ojos y por dentro resonar en pasado. … Leer más

Fernando Pessoa visual

En este capítulo de la serie «Grandes Portugueses», la ex directora de la «Casa Fernando Pessoa», periodista y escritora Clara Ferreira Alves hace una presentación del poeta portugués, trazando un recorrido desde sus años de infancia y adolescencia hasta sus años de madurez. En el programa, se leen poemas de Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos (los heterónimos más importantes creados por Fernando Pessoa) y de Pessoa ortónimo.Leer más

10 Poemas de Fernando Pessoa

“El hombre sólo puede ser feliz con inconsciencia e ignorancia”

                                                                                 Pessoa

No túmulo de Christian Rosenkreutz

I

Quando, despertos deste sono, a vida,
Soubermos o que somos, e o que foi
Essa queda até corpo, essa descida
Ate á noite que nos a Alma obstrui,

Conheceremos pois toda a escondida
Verdade do que é tudo que há ou flui?… Leer más

7 Poemas de Maria Gabriela Llansol

Carta de amor:

Un saco con el siguiente contenido:

hojas de té – dejé de beber té

paja – porque tengo sed de amor por ti

una manzana roja – me ruborizo cuando pienso en ti

un fruto seco – estoy extenuada como el fruto

un pedazo de carbón – mi corazón arde

una flor – eres bello

una piedra – ¿tu corazón será duro como una piedra?… Leer más

Maria Gabriela Llansol Visual

O Espaço Llansol realizou no passado sábado, 23 de setembro pelas 17h no MIRA FORUM, uma sessão sobre a escritora. Numa sessão em que participaram João Barrento e Maria Etelvina Santos (que falaram da obra de Llansol a partir dos dois tópicos do título: Voz e Poema) e os atores do Ponto Teatro, do Porto, Emanuel Sousa e Daniela Gonçalves, que leram fragmentos de Llansol sobre Voz-Palavra-Silêncio.… Leer más

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