11 Poemas de Maria João Cantinho

Um rio, um nome

Na terra do meu pai corria um rio

e não era ainda o do tempo

nem eu nadara no múltiplo leito de Heraclito, 

era um rio de claros seixos, 

onde a sombra e o riso

acolhiam o nosso corpo

ainda intacto 

no incêndio da manhã.

Na terra do meu pai havia laranjas

e chão, havia sol e murmúrios

e nós ouvíamos a respiração da noite

por dentro das raízes das árvores

e o rio falava com as pedras

e com a luz

e nós corríamos 

ou éramos levados pelo vento

que acendia a folhagem.

Na terra do meu pai não havia medo

só um rio e as águas limpas

onde as mulheres lavavam a roupa

e cantavam ao som da terra.

Na terra do meu pai corria um rio

e os homens tinham lugar

era um rio por coração

era um nome

para um homem.

Un río, un nombre



En la tierra de mi padre corría un río
y no era todavía el del tiempo
ni yo nadara en el múltiple lecho de Heraclito,
era un río de claros guijarros,
donde la sombra y la risa
acogían nuestro cuerpo
aún intacto
en el incendio de la mañana.

En la tierra de mi padre había naranjas
y suelo, había sol y murmurios
y nosotros oímos la respiración de la noche
por dentro de las raíces de los árboles
y el río hablaba con las piedras
y con la luz
y nosotros corríamos
o éramos llevados por el viento
que encendía el follaje.

En la tierra de mi padre no había miedo
sólo un río y las aguas limpias
donde las mujeres lavaban la ropa
y cantaban al sonido de la tierra.

En la tierra de mi padre corría un río
y los hombres tenían lugar
era un río por el corazón
era un nombre
para un hombre.

Traducción de Maribel Sobreira

Não procures o verso grandioso

Não procures o verso grandioso

aquele que nos tolhe os passos,

a nós, que não somos senão animais,

embriagados de luz

na orla do sonho 

Não queiras o saber que pesa

aquele que nos aprisiona o olhar,

a nós, que não procuramos senão 

a epiderme do instante e a voz

do vento, em asa veloz.

Não queiras ser senão este animal

de seiva e olhos de fogo que nada sossega

olha como a sua pele repete

o enigma das estrelas

e o calor das savanas, 

olha como o seu coração conhece 

essa música que arde na noite antiga.

Não procures senão a sombra a ausência

O início do círculo e que nos salva

A nós, que não somos senão animais,

embriagados de luz

na orla do sonho

No busques el verso grandioso

No busques el verso grandioso
aquel que nos estorba los pasos,
a nosotros, que no somos sino animales,

embriagados de luz
en la orilla del sueño


No quieras el saber que pesa
aquel que nos aprisiona la mirada,
a nosotros, que no buscamos sino
la epidermis del instante y la voz
del viento, en ala veloz.

No quieras ser sino este animal
de savia y ojos de fuego que nada sosiega
mira como su piel repite
el enigma de las estrellas
y el calor de las sabanas,
mira como su corazón conoce
esa música que arde en la noche antigua.

No busques sino la sombra la ausencia
El inicio del círculo y que nos salva
A nosotros, que no somos sino animales,



embriagados de luz
en la orilla del sueño

Traducción de Maribel Sobreira

Savana

Se eu te pedisse a demora, pai,
de um corpo adiado, ainda,
e te contasse de novo as viagens
que fazíamos no tempo antigo
e as minhas palavras pudessem
aquecer o teu olhar, trazê-lo de novo
ao meu chão, às minhas mãos,
como as histórias que me contavas
e depois ríamos inteiros.

Se eu te pedisse a demora, pai
para recomeçar a vida, para recompor
a ruína, juntar todos os ossos
para te devolver a luz da savana
e a respiração das árvores, o inexaurível canto
da terra, do rio que havia
e do olhar bravio das gazelas
no fulvo dorso da madrugada.

Se eu te pedisse a demora, pai
para recomeçar tudo de novo,
infância e areia correndo por nós,
só a música e o segredo da savana
o fogo da tribo, a dança
e sempre o tempo
o da fala antiga
o que se anela com deuses
e com o pó.

Sabana

Si te pidiera que llegaras tarde, padre,
de un cuerpo postergado, todavía
y te volviera a contar los viajes
que hicimos en el pasado
y mis palabras pudiesen
calentar tus ojos, traerlos de nuevo
a mi suelo, a mis manos,
como las historias que me contabas
y después nos reíamos juntos.

Si te pidiera que llegaras tarde, padre,
para empezar la vida de nuevo, recomponer
la ruina, juntar todos los huesos
para devolverte la luz de la sabana
y el aliento de los árboles, el rincón inagotable
de la tierra, del río que allí había
y la mirada feroz de las gacelas
sobre el leonado horizonte de la madrugada.

Si te pidiera que llegaras tarde, padre,
para empezar todo de nuevo,
la infancia y la arena atravesándonos,
solo la música y el secreto de la sabana
el fuego de la tribu, el baile
y siempre el tiempo
del habla antigua
del que anhela los dioses
y el polvo.

Do ínfimo

Não sei senão do ínfimo
e do murmúrio das pequenas coisas,
as que não chegam à palavra
como a sombra ou o vento
desenhando-se sob os álamos,
em quieta reverberação.

E nada sei, senão desse canto
Invisível, mais sonho que metáfora,
do tempo que é no fruto
ou do que sabe ser sol, sem alarde
do breve e da passagem.

E nada sei dessa grandiloquência
dos homens, das suas promessas
e dos gestos que traem o coração,
dessa palavra ou excesso que mata
a perfeição circular do instante.

Se é vida, sangue ou oiro,
nada sei, nada de nada
escondido que ele é
no ínfimo e na sombra. Oculto.

De lo ínfimo



Nada sé sino de lo ínfimo
y del murmullo de las pequeñas cosas,
las que no llegan a la palabra
como la sombra o el viento
dibujándose bajo los álamos,
en quieta reverberación.

Y nada sé, sino de ese canto
invisible, más sueño que metáfora,
del tiempo que es en el fruto
o de lo que sabe ser sol, sin alarde
del breve y del pasaje.

Y nada sé de esa grandilocuencia
de los hombres, de sus promesas
y de los gestos infieles al  corazón,
de esa palabra o exceso que mata
la perfección circular del instante.

Si es vida, sangre u oro,
nada sé, nada de nada
escondido que él es
en el ínfimo y en la sombra. Oculto.

Urgência  

Um homem chegou e deitou-se,  
era aquele que avançava contra o vento frio,  
que se abraçava às palavras, às árvores, às flores  
e no seu ventre amanhecia a luz de uma chaga,  
de onde saiu um pássaro.  
As nuvens voavam à altura dos seus olhos  
e era preciso escutar a voz, o canto das sílabas  
que sufocava no sangue,  
a urgência, a terra contra o sangue  
que corria nos veios azuis do seu corpo.  
Na claridade do seu olhar movia-se velozmente  
a paisagem, como em incertos dias de Verão,  
nos seus olhos iluminava-se o assombro,  
reflectiam-se as imagens e as sílabas da catástrofe,  
a obscura gramática que neles se desenhava  
em linhas de solidão, como sulcos de água,  
escoando-se lentamente.  
Era preciso lembrar a luz, recordar os vestígios,  
o canto que emanava das vísceras, interrompendo o mundo,  
era ali o início do círculo, o lugar onde tudo recomeçava,  
o começo da liberdade, exacto,  
recapitulando o destino do voo alucinado, na noite.  
E era preciso não temer os nomes, a escuridão,  
a alquimia que tudo funde, emergindo do sonho.  
Era preciso não temer as imagens que se sucediam,  
a memória interrompida, antigos nomes  
que se escreviam contra as raízes, para que cantasse  
a glória da infância renascida.  
Na claridade do seu olhar, era já a morte em sonhos,  
florescendo no horizonte do tempo  
e então disse-me: bebe da minha luz,  
bebe, a noite descia, puro anil,  
bebe do meu sangue, bebe-me,  
só aí terei sido porque te vi. Sou tu. 

De :  Sílabas de Água, (Porto, 2006)

Assombro

Sentas-te na sombra e sabes

do modo como apenas o crepúsculo 

salva a tua urgência, a tua sede 

de chuva e do avesso da noite 

o assombro 

o desvario de palavras, 

essa lâmina que rasga o real

uma garra de nada, uma pedra

no teu caminho.

E procuras o escopro, 

o arado alquímico, o compasso,

o fogo e o atanor

que há-de medir-te

o ritmo matemático 

e a matéria transfigurada do poema, 

esse golpe certeiro e lírico, 

asa de sonho, 

magma, víscera, palavra

suor, sangue, alma

língua, jogo, imagem

trevas esperando a alba

e a clara luz, esse estremecimento

mínimo

oculto nos detalhes.

Nascente, luminescente,

é um abismo em forma de rosa.

Asombro

Te sientas en la sombra y sabes
del modo como sólo el crepúsculo
salva tu urgencia, tu sed
de lluvia y del revés de la noche
el asombro
el desvarío de palabras,
esa lámina que rasga el real
una garra de nada, una piedra
en tu camino.

Y buscas el escoplo,
el arado alquímico, el compás,
el fuego y el atanor
que te ha de medir
el ritmo matemático
y la materia transfigurada del poema,
ese golpe certero y lírico,
ala de sueño,
magma, víscera, palabra
sudor, sangre, alma
idioma, juego, imagen
tinieblas esperando el alba
y la clara luz, ese estremecimiento
mínimo
oculto en los detalles.

Naciente, luminiscente,

Es un abismo en forma de rosa.

Traducción de Maribel Sobreira

Despertar a voz, seguir o traço

É o mais difícil, este gesto

de amanhecer a palavra, o poema,

deixando-nos a sós com a brancura da página.

O canto não chega, quando o chamamos

tal como a luz não vem,

 senão de mansinho,

quando os flocos da noite se desvanecem

em orvalho límpido e claro.

E então a canção irrompe, novamente,

mas apenas para aquele que se senta à beira do início,

do seu início, e escuta.

É o mais difícil, este gesto

de descer à sombra, ao sem-fundo da linguagem,

para ouvir o canto. 

Que rastro, que traço é este, que nos visita

e nos desperta a voz, em manso segredo?

Que vislumbre nos toma e nos arrasta,

agora que um outro alfabeto nos é revelado, 

exterior ao dito, anterior ao hálito da palavra,

como se as sombras dos nossos antepassados

nos percorressem, por entre os nossos sonhos,

música límpida e tão próxima,

tão imponderável na sua aura?

Cantam em nós essas vozes, silentes,

mas que esvoaçam no vento, invisíveis,

cantam em nós, mas as suas vozes são de rio

e tempo, de outros tempos, 

em que também fomos outros.

De : O Traço do Anjo, (Porto, 2011)

Despertar la voz, seguir el trazo

Es el más difícil, este gesto
de amanecer la palabra, el poema,
dejándonos a solas con la blancura de la página.

El canto no llega, cuando lo llamamos
como la luz no viene,
sino de despacito,
cuando los copos de la noche se desvanecen
en rocío límpido y claro.

Y entonces la canción irrumpe, nuevamente,
pero sólo para aquel que se sienta al borde del inicio,
de su inicio, y escucha.

Es el más difícil, este gesto
de bajar a la sombra, al sin fondo del lenguaje,
para escuchar el canto.
¿Qué rastro, qué trazo es éste, que nos visita
y nos despierta la voz, en manso secreto?

¿Qué vislumbre nos toma y nos arrastra,
ahora que un otro alfabeto nos es revelado,
exterior al dicho, anterior al aliento de la palabra,
como si las sombras de nuestros antepasados
nos recurriese, entre nuestros sueños,
música límpida y tan próxima,
tan imponderable en su aura?

Cantan en nosotros esas voces, silentes,
pero que revolotean en el viento, invisibles,
cantan en nosotros, pero sus voces son de río
y tiempo, de otros tiempos,
en que también fuimos otros.

Traducción de Maribel Sobreira

A Besta

De que tempo somos, agora

que a tempestade sopra de novo

e ao céu sobe este monte de ruínas

devastação anoitecendo o mundo

tenta lembrar-te de que lado

veio um dia o alerta, de que armário

saiu este cortejo de sombras

onde se gravou o que a história

deixou escapar, nas malhas do mito

para de novo retornar

a besta silenciosa, a que vigia

sem que as pálpebras lhe desçam

uma única vez. Silente

talvez estivéssemos nós, os do Sul,

embriagados pela torpeza do metal

e por isso ela moveu-se devagar

La Bestia

¿De qué tiempo somos, ahora
que la tormenta sopla de nuevo
y al cielo sube este monte de ruinas
devastación anocheciendo el mundo

intenta recordarte de qué lado
ha venido un día la alerta, de qué armario
salió este cortejo de sombras
donde se grabó lo que la historia
ha dejado escapar, en las mallas del mito

para retornar de nuevo
la bestia silenciosa, la que vigila
sin que los párpados le bajen
una sola vez. Silente

tal vez estuviéramos nosotros, los del Sur,
embriagados por la torpeza del metal
y por eso ella se movió despacio
como si fuera ceniza en mi memoria

Traducción de Maribel Sobreira

Ainda o dia claro


Evoco Sophia e lembro o dia claro
contra a sombra de um passado
que teimava em enegrecer
a liberdade e o sonho.


Despertei ao som do assalto
do povo em alegria
lado a lado com os libertadores
era menina e mal compreendia.


Hoje, ao caminhar sob os jacarandás
pergunto-me se, nesta primavera,
imperam ainda o sonho e a utopia
de um país à beira de se cumprir.

Os espectros desenham-se no ar
mas o dia claro permanecerá
contra a barbárie, anunciando
a justiça que há-de vir.

Dobrar o corpo

Dobrar o corpo ou a língua, tanto faz

para que a sombra nos salve

destes dias, sabes, em que nada parece  viver

a não ser um certo modo de indigência

a que todos se consentem, talvez por medo

de não haver amanhã, ou uma grandeza qualquer

as palavras trazem esse inferno, irrespirável

insano, sem lugar para um certo azul

que revirava os dias de esperança

e agora caminham cabisbaixos, medrosos

convenceram-se que o único azul é este

o de que dispomos

um certo azul com vagas estrelas numa bandeira

e o número do sapato não nos serve, 

já não o calçamos, sequer

andamos descalços, mas continuamos a olhar

para esse céu de plástico e com estrelas mortiças

desenhadas só para alguns, que por detrás delas

se escondem, com as suas siglas formidáveis

a tresandar a poder, a feder

hoje é o sapato, irmão, só te serve um

mas amanhã nem as calças te servirão

e o Inverno está à porta. E perguntas? Sonhas?

Vão te deitar de joelhos

a sonhar com pão

com a casa que o banco te emprestou,

enquanto as estrelas pareciam reluzir.

Doblar el cuerpo

Doblar el cuerpo o la lengua, es igual
para que la sombra nos salve
de estos días, sabes, en que nada parece vivir
a no ser un cierto modo de indigencia
la que todos se consienten, tal vez por miedo
de no haber el mañana, o una grandeza cualquiera
las palabras traen ese infierno, irrespirable
insano, sin lugar para un cierto azul
que retorcía los días de esperanza
y ahora caminan cabizbajos, medrosos
se convencieron que el único azul es éste
el que disponemos
un cierto azul con vagas estrellas en una bandera
y el número del zapato no nos sirve,

ya no lo calzamos, siquiera
caminamos descalzos, pero seguimos mirando
para ese cielo de plástico y con estrellas marchitas
dibujadas sólo para algunos, que detrás de ellas
se esconden, con sus siglas formidables
apestando a poder, a heder 
hoy es el zapato, hermano, sólo te sirve uno
pero mañana ni los pantalones te servirán
y el invierno está a la puerta. ¿Y preguntas? ¿Sueñas?

Te acostarán de rodillas
a soñar con el pan
con la casa que el banco te prestó,
mientras que las estrellas parecían relucir.

Irmãos

Somos irmãos da luz 

e bebemos o sonho

habitamos a folhagem

a noite e o tempo,

como quem nasce da água

e bebemos a voz

e a linguagem, descendo.

Somos irmãos da terra

cantamos dançamos  

ao som do fogo

e olhamo-nos como espelhos

tememos  comemos 

as palavras dos homens.

Somos da sombra os nomes

lavradio do silêncio

apascentado na alba

e tudo nos habita:

lua, passagem, círculo,

olho, mão, salmo.

Somos irmãos da escuridão

olhamo-nos como espelhos

de uma luz íntima 

sonhante, na dobra da língua. 

Hermanos

Somos hermanos de la luz
y bebemos el sueño
habitamos el follaje
la noche y el tiempo,
como quien nace del agua
y bebemos la voz
y el lenguaje, bajando.

Somos hermanos de la tierra
cantamos bailamos
al sonido del fuego
y nos miramos como espejos
tememos comemos
las palabras de los hombres.

Somos de la sombra los nombres
labrantío del silencio
apacentado en el alba
y todo nos habita:
la luna, el pasaje, el círculo,
ojo, mano, salmo.

Somos hermanos de la oscuridad
nos miramos como espejos
de una luz íntima
soñante, en el doblado de la lengua.

Traducción de Maribel Sobreira

Fotografia: Ozias Filho (poeta, fotógrafo, periodista y editor)

Maria João Cantinho (Lisboa, Portugal, 1963). Poeta, novelista, cuentista, ensayista y crítica literaria. Tiene un doctorado en Filosofía Contemporánea por la Nueva Universidad de Lisboa (NOVA). Es investigadora del Centro de Filosofía de la Facultad de Artes de la Universidad de Lisboa y colaboradora del Collège d’Études Juives de la Universidad de la Sorbona. Es miembro de la Asociación Portuguesa de Escritores, del PEN Clube Português y de la Asociación Portuguesa de Críticos Literarios.

Maria João vivió en Angola durante su infancia. Regresó a Portugal después de la independencia del país y estudió filosofía en la universidad de Lisboa. Entre 2011 y 2016 ejerció como profesora de Educación Secundaria y profesora del IADE(Universidad Creativa de Lisboa.

Es colaboradora de la Revista Colóquio-Letras, colaboró ​​con la Revista Relâmpago, Mea Libra, Golpe d’Asa, PensamentoDiverso, Philosophica, Revista de Historia de las Ideas (Universidad de Coimbra) y en varias revistas literarias y académicas y miembro del Consejo de Redacción del Cuaderno del Grupo de Estudio Walter Benjamin GEWEBE.

Fue profesora invitada en Brasil en 2013 (Brasilia, Goiânia y Río de Xaneiro). Ha representado a Portugal en varios Festivales de Poesía y Literatura, como Lodève (Voix Vives du Mediterranée, 2005), Bienal Internacional del Libro de Pernambuco, 2009), Sète (Voix Vives du Mediterranée, 2011), Sidi Bou-Said (Voix Vives du Mediterranée, 2014),[7] Festival Internacional de Poesía de Marrakech, 2015, Festival de Poesía de Sète (Voix Vives du Mediterranée) en 2017, Festival de Poesía de Génova (Voix Vives du Mediterranée) en 2018. Festival Poesía de Romanía (Braila y Tulcea). ) en 2019. Fue invitada a la Universidad de Poitiers, por invitación del Instituto Camões y en la Universidad de Hamburgo, también por invitación del Instituto Camões

Ha publicado cinco libros de poesía, cinco de ficción, dos de literatura infantil y cinco de ensayo. Ha participado en varias antologías de poesía.

Con el libro Do Ínfimo ganó el Premio Gloria de Sant’Anna, en Portugal (2017), y fue finalista del Premio Telecom (Brasil) con el libro de cuentos Caligrafia da Solidão (Escrituras, 2006). Fue nominada como una de las mejores ensayistas del año (2002) por su ensayo O Anjo Melancólico, ensayo sobre el concepto de alegoría en la obra. de Walter Benjamín. También fue nominada como finalista del Premio PEN de Poesía en 2017. En 2020 recibió el Premio PEN Clube Português por su ensayo con Walter Benjamin, melancolía y revolución.

Ha sido miembro de varios jurados literarios desde 2011. Fué directora de la Revista Café com Letras y actualmente  es editora de la revista Caliban.

Obra poética :

  • Abrirás a Noite com um Sulco (2001). Lisboa: Editora Hugins. (Mención honrosa del Prémio da Associação Fernando Pessoa, 2001)
  • Sílabas de Água (2005). Lisboa: Editora Ver o Verso. (con la artista plástica Ana Calhau).
  • O Traço do Anjo (2011). Editora Edium.
  • Do Ínfimo (2016). Lisboa: Ed. Coisas de Ler. (galardonado con el Prémio Glória de Sant’Anna).
  • Do Ínfimo (2018). São Paulo: Editora Penalux.
  • Escopro e Luz (2021). São Paulo: Editora Penalux.
  • Escopro e Luz, Fafe: (2022). Editora Labirinto.

Enlaces de interés :

Pagina de la autora : https://mjcantinho.com

https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/25607/1/Maria%20Joao%20Cantinho%2079-95.pdf

Hola, 👋
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